quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Ensaio: amor em trapézio

A idéia, por si, já alimentava de prazer os meus, até então apáticos, pensamentos.
Era como se enfim, pudesse caminhar nua por calçadas de multidões desconhecidas. Caminharia devagar, passo a passo, de salto alto e cabelos a cobrir parte de meus seios.
Enquanto caminhava até em casa pensando na idéia, já me sentia nua. A idéia me despertou os sentidos e podia sentir tudo ao meu redor. O cheiro de todos os homens que passavam por mim, o som grave de conversas furtadas sussurravam aos meus ouvidos e me arrepiavam a pele. Eu olhava a cada desconhecido com olhos lascivos e cílios dançantes. A idéia me encharcava de desejo a mente e quase sem querer mordiscava os lábios em busca dos sabores futuros.
Nao, eu não faço a menor idéia de como tudo irá começar ou como será. Essa ansiedade é que me deixa trêmula e livre para contar todos as vontades fantasiosas que ainda não tive. As palavras que me descreveriam sozinha passeando as mãos lentamente pelo corpo e dando cores e sons para minha carne. A curiosidade e a paixão me deixam enfim, viva.
Quero escrever experiências inventadas, ouvidas, vividas, pesquisadas, plagiadas. Convidar a experimentar, testar, confirmar e negar cada ato. Embriagar como um afrodisíaco literário.


Eu quero fazer amor em trapézios.

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