domingo, 15 de fevereiro de 2009

Poema a quatro mãos*

o gosto do asfalto
gosto de piche
quiche
cheiro de rua
de chuva
de poeira molhada
de poeira sobre o asfalto

depois na beira do asfalto
ladeira abaixo
um homem de bicicleta fazendo trin trin desce...
balas de alcaçus, balas perdidas

amanheceu e eu nem dormi
o soliloquio das avenidas
queria fazer parte do cafe da manhã de alguém
ser o pão, um brioche talvez, sem lucidez
ser a manteiga derretida, o sabor de minas
levanto em algum café escuro, puro por favor
chá com um pouco de leite e três cubos de açúcar
inglesa como a minha impontualidade de sempre
o tempo me arrasta, se arraste, me leva. saio dali,
volto pras as avenidas, ruas largas

o vento embaraça meus cabelos, pensamentos,
fecho os olhos, arrepio, suspiro
lembro de coisas que não vi, que nunca senti
me arrisco olhar para alguém


*duas minhas, duas de Daniel Guazina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário