terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um alguém, um lugar

Sem pedir licença, sentou na minha frente, na minha mesa.Pediu para acender um cigarro. Respondi com um gesto que não me importava. Me contou que estava tentando parar de fumar, mas estava difícil já que temos tanto CO2 no ambiente. Me mantive em silêncio com a indiferença de meus pensamentos. Se apresentou. Eu não prestei atenção no seu nome. Mal conseguia olhar em seus olhos por medo de lhe apresentar minhas lágrimas. Sentia que me observava. Me mantive apoiada em minha mão direita com o cotovelo sobre a mesa olhando fixamente para a porta de entrada, a espera de alguém que não chegaria. Pedi mais um café com adoçante. Seria o terceiro da tarde. Com um sorriso inesquecível ele me convenceu que eu era doce demais para me entregar ao amargo do aspartame. Trocou ousadamente meu café por um chá de hortelã e disse que era tudo que eu precisava. Não estava em condições de discutir ou argumentar. Respirei fundo, olhando para suas lentes, perguntei se fotografava. Ele puxou o cinzeiro e respondeu: A todo momento. Meus olhos não conseguem evitar. Apagou o cinzeiro, levantou-se. Me lançou um olhar tenro e me julgou: Você deveria dizer mais o que pensa. Há muita beleza em suas palavras e sentimento. E saiu. Me deixou sozinha para não presenciar meu pranto inevitável. Era tudo que eu precisava.

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